Por que falar sobre o suicídio? Precisamos realmente trazer este assunto à tona?
Quando pensei em escrever sobre este tema, lembrei-me imediatamente de uma colega, de trabalho, que tirou a própria vida. Era uma pessoa com a qual convivi durante muitos anos, e a depressão fez com que ela desistisse de viver. A vida para ela deixou de fazer sentido e nem seus dois filhos pequenos foram motivos para que ela continuasse a querer prosseguir. Ela não conseguia mais suportar a sua dor.
Mais recentemente, em uma instituição onde trabalhei, quatro pessoas se suicidaram num período de dois meses. Não cheguei a conhecer essas pessoas, mas após esses episódios, muitos indivíduos começaram a buscar pelos meus atendimentos, porque apresentavam ideação suicida e alguns até já haviam atentado contra a própria vida. As causas eram muitas: depressão, abuso sexual, transtorno bipolar, uso abusivo de drogas, conflitos conjugais, ambiente familiar extremamente conturbado, sensação de ser um fardo para os outros, questões financeiras…
Trazer à tona a questão do suicídio é importante; não se pode negligenciar um “problema” dessa magnitude. Não é drama, não é frescura, não é falta de Deus!!! É preciso falar abertamente sobre esse assunto que não é tabu, mas é um problema de saúde pública.
O “Setembro Amarelo” é o mês escolhido para falar sobre a prevenção do suicídio e teve
sua origem nos EUA. Um rapaz de 17 anos suicidou-se em 1994. Em seu velório foi colocada uma cesta com cartões decorados com fitas amarelas. Dentro desses cartões havia a frase - “Se você precisar, peça ajuda”. Essa iniciativa fez com que várias pessoas, que não estavam bem, procurassem por ajuda. Por conta dessa história, o laço amarelo
representa a luta contra o suicídio.
No Brasil, a campanha do Setembro Amarelo foi criada em 2015, e tem por objetivo conscientizar sobre a prevenção do suicídio. A cada 40 segundos, cerca de 800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos no mundo!
Quando alguém atenta contra a própria vida, o que ela realmente deseja é matar aquele
sentimento de desesperança, desamparo, de vazio, de desespero e de dor insuportável. Ela quer acabar com aquele sentimento ruim que a está consumindo, quer cessar a dor
emocional e não a vida.
Existe o mito de que, conversar sobre o suicídio irá incentivar as pessoas a tirar suas próprias vidas, mas o fato é que conversar sobre esse tema, pode ajudar a pessoa a restaurar a esperança e procurar ajuda.
Ainda existe muito preconceito em relação aos psiquiatras e psicólogos, mas a ajuda deles é imprescindível nesses casos. O acolhimento, o diálogo sem julgamento, o apoio emocional e mostrar-se disponível são essenciais para ajudar essas pessoas, além do tratamento medicamentoso o qual não deve ser descartado.
Alguns indicadores de que o indivíduo tem ideação suicida e precisa de ajuda especializada para não vir a cometer o suicídio:
● Isolamento social;
● Desesperança em relação ao futuro;
● Preocupação com a sua própria morte (expressas de forma verbal, escrita ou desenhos/pinturas);
● Não cumprir as obrigações diárias, sem levar em conta as consequências;
● Expressões de ideias como: “Vocês ficam melhor sem mim”; “Minha vida não tem mais sentido”; “Não serei mais um fardo e deixarei vocês em paz”; “Não deveria ter nascido”; “Quero morrer”; “Quero poder dormir e não acordar nunca mais”;
● Aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais por um período de pelo menos 2 semanas.
Segundo a OMS, 9 de cada 10 suicídios poderiam ser evitados, se fornecido apoio e tratamento. Então vamos abordar esse assunto sim! As pessoas precisam saber que elas no estão sozinhas, que podem procurar ajuda e receber o tratamento adequado. O suicídio pode ser prevenido!